domingo, 20 de setembro de 2009

Comentário sobre a postagem "Golpeei, golpeaste ou golpeamos?" do blog "O Pardal"

domingo, 20 de setembro de 2009
Para entendermos a crise política em Honduras devemos fazer uma digressão ao início do mandato de Zelaya. Eleito em 2005, pelo Partido Liberal, um dos mais tradicionais de Honduras, Manoel Zelaya, de família rica, fazia parte da elite empresarial e favorecia a celebração de tratados de livre comércio, em especial com os EUA, em benefício dos grupos econômicos . A partir de 2007, com a tendencia esquerdista que emerge na América Central, Zelaya passou a adotar posições que se alinhavam ao Socialismo do Século XXI, inalgurado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chaves. Esse posicionamento passou a inquietar a “elite” do país, e os sindicatos passaram a conferir ao Presidente maior apoio. No instante que o Zelaya intentou a realização de uma consulta popular, para que os eleitores opinassem a respeito da canvocação da Assembléia Constituinte, a situação se tornou insustentável, já que este engendro favoreceria sua possível reeleição, que, nos moldes constitucionais de Honduras, não é factível. A consulta popular foi rejeitada pelo Congresso, pela Procuradoria-Geral de Honduras e pelo Tribunal Eleitoral, além de ter sido considerada ilegal pela Suprema Corte. Como a Constituição de Honduras não prevê o empeachment, o presidente foi deposto no dia 28 de julho deste ano e, sem expressão popular, nomearam para o cargo Roberto Miceletti.
Como é perceptível, a crise é de cunho muito mais ideológico que deitou reflexos, inevitávelmente, no âmbito político. Na década de 90 do século passado, a América Latina se converteu ao neloberalismo: até as lideranças mais expressivas abandonaram a esquerda ou se dobraram às premissas do neoliberalismo como forma de política econômica. Contudo, restou patente que em meados da mesma década houve um retrocesso em todos os seus indicadores sociais: aumento do desemprego, diminuição dos índices de saúde e escolaridade, além do crescimento da violência. Como resposta à insatisfação da população, na virada do século, candidatos de esquerda começaram a ganhar eleições em diversos países da América Latina (Brasil, Bolívia, Venezuela, dentre outros). Como se pode constatar, a crise de Honduras não é um fato isolado; ela se enquadra na contextura política e economica da Amárica Latina, dentro da tendência socialista de governos de muitos de seus Estados soberanos, alguns mais moderados, outros mais radicais. Quem defende a ideologia socialista, tende a defender a postura de Manoel Zelaya, como perfeitamente aceitável em uma democracia, pugnando pela sua volta ao poder. Os defensores de uma política econômica mais liberal, de livre comércio, eivam de inconstitucionalidade os atos pretentidos pelo deposto Presidente hondurenho, quando no poder. O que parece unânime na comunidade internacional é considerar o ato de deposição de Manoel Zelaya como um golpe de Estado, e por isso o novo governo não foi reconhecido pelos demais países.

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