quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Capoeira: arte marcial afro-brasileira.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009





A Capoeira já foi motivo de grande controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento – supostamente no século XVII, quando ocorreram os primeiros movimentos escravos de fuga e rebeldia – e o século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis, com descrições detalhadas sobre sua prática.

O Jogo de Capoeira nasceu sob o signo da Libertação. O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Uma das formas dessa resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Uma espécie de Estado africano foi formado. Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira.

Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança.

É um jogo complexo, que se desenvolve a partir da ginga ou gingado, funde a música e a movimentação corporal num todo harmônico. É dança, é canto, é jogo de habilidade e destreza corporal, mas também é luta, e das mais terríveis. A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os capitães-do-mato. No início esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau.

Caracteriza-se pelo movimento ritmado de todo o corpo acompanhando o toque do berimbau, com a finalidade precípua de manter o corpo relaxado e o centro de gravidade do corpo em permanente deslocamento, pronto para esquiva, ataque, contra-ataque ou fuga. Durante o gingado, o praticante deve manter-se em movimento permanente, simulando tentativas de ataque e contra-ataque, sempre atento às intenções do parceiro, em contínua postura mental de esquiva e proteção dos alvos potenciais de ataques.

O berimbau é considerado um instrumento sagrado, e é ele que comanda e dirige a roda: os outros instrumentos não podem encobrir-lhe o som; é ele que determina o ritmo ou andamento do jogo – mais lento ou mais rápido; também é ele que determina o tipo de jogo que se deve jogar (jogo de dentro, de fora, de floreio, de combate, de demonstração de habilidades, de desarme etc.). Geralmente, é o mestre quem segura e toca o berimbau, que ocupa a posição central na bateria. Esta, além do berimbau, compõe-se de pandeiro, atabaque e agogô.

Dá-se ênfase aos movimentos desequilibrantes, como rasteiras, tesouras e cabeçadas, entre outros, movimentos que podem ser aplicados em alunos com algum grau de aprendizado, quando já aprenderam a cair, sem acarretar qualquer lesão. Quando um capoeirista cai em decorrência de um destes movimentos é incentivado a se levantar e continuar o seu jogo.

O termo "capoeira" decorreu do fato de que a luta geralmente se travava no mato, onde os pretos se "homiziavam", e esse mato era, justamente, a capoeira.
Desta sorte, capoeira (forma culta de capuêra, mato), arena das primeiras escaramuças dos escravos rebeldes, teria sido o termo adotado para denominar a luta física nacional: a capoeira."

1 comentários:

Elizabeth Elpídio disse...

Parabéns pelo blog.Continuem dando sua preciosa colaboração à cultura e ao movimento negro.Valeu.

 
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