quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Irrigação é prioridade na luta contra a fome na África, segundo a FAO

quinta-feira, 15 de outubro de 2009
A prioridade na luta contra a fome na África é combater a "loteria" das secas, em um continente que tem uma baixíssima proporção de terras irrigadas, segundo o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), Jacques Diouf.
"Não podemos continuar jogando a loteria agrícola: plantar sementes, financiar e rezar para que chova", disse Diouf, em entrevista publicada hoje pelo jornal "Libération", e acrescentou que a água é a prioridade mais urgente para combater as crises de fome no continente.
Sobre isso, lembrou que 7% das terras cultiváveis na África são irrigadas, em comparação com cerca de 40% na Ásia. Esta proporção é de apenas 1% na região conhecida como o chifre da África (Somália, Etiópia, Djibouti e Eritreia), onde "a população depende das chuvas".
Diouf ressaltou a falta de investimento em agricultura na região, que diminuiu de 17% das ajudas públicas em 1980, para 3,8% em 2006.
Na mesma linha, se queixou também de que enquanto o Banco Mundial (BM) dedicava 30% de seus fundos à agricultura em 1980, esta taxa era de apenas 6% em 2006.
O diretor-geral da FAO disse ainda que, além da questão da irrigação, também é preciso se concentrar em melhorar os meios de armazenamento dos alimentos e as cadeias de abastecimento. "Um dos desafios mais cruciais, e o mais complicado, é a compra da produção dos agricultores a um preço" vantajoso para eles, acrescentou.
Diouf explicou que é preciso encorajar os investimentos estrangeiros na agricultura dos países pobres, mas é preciso impedir "as aquisições abusivas de terras por multinacionais" na África, "mas também" na América Latina e na Europa central e oriental.
Neste sentido, citou o exemplo da companhia sul-coreana Daewoo, que assinou um acordo para explorar 1,3 milhão de hectares em Madagascar.
Segundo a FAO, a marca de 1 bilhão de pessoas no mundo que passam fome foi superada, frente à taxa de 830 milhões contabilizada em 1996.
O diretor-geral alertou que "os riscos das crises de fome foram agravados por fenômenos climáticos extremos", nos quais a mudança climática tem um impacto "importante".


Publicado em: 15/10/09 - 09h41 - Atualizado em 15/10/09 - 09h40.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo...



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