domingo, 18 de outubro de 2009

Premiê anuncia boicote ao governo de união do Zimbábue

domingo, 18 de outubro de 2009
Um importante aliado do primeiro-ministro do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, foi libertado sob fiança na noite desta sexta-feira, no dia em que seu partido anunciou um boicote ao governo de união nacional do país.
Roy Bennett, integrante do partido Movimento Democrático pela Mudança (MDC, na sigla em inglês), está sendo acusado de terrorismo. Ele foi libertado horas depois de o líder de seu partido, Tsvangirai, anunciar que deixaria, a princípio temporariamente, de participar do governo de união nacional formado com o presidente Robert Mugabe no início deste ano, devido à falta de confiança e divergências em pontos cruciais.
Tsvangirai havia nomeado Bennett como vice-ministro na coligação, mas ele foi preso no dia em que o gabinete tomou posse, em fevereiro. Bennett, que nega as acusações, foi solto sob fiança em março, mas a libertação foi revogada no início desta semana.
A libertação aconteceu depois que advogados convenceram um juiz da Alta Corte de Harare nesta sexta-feira a restaurar a liberdade de Bennett, sob fiança. A volta dele à prisão despertou a desaprovação internacional.
Nesta quinta-feira, a União Europeia anunciou que estava "profundamente preocupada" com prisão e acrescentou que lamentava que "abusos politicamente motivados persistam no país." Também na quinta-feira, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Robert Wood, afirmou que o processo era um "exemplo flagrante da ausência de um Estado de direito no Zimbábue.
O primeiro-ministro citou o que chamou de "perseguição" a seu assessor ao anunciar que abandonava por hora o governo de união com Mugabe, um gesto visto como um retrocesso no esforço do país para emergir do impasse político, do colapso econômico e do isolamento e sanções internacionais. Segundo Tsvangirai, o boicote ao governo persistirá até que pontos críticos sejam resolvidos e um acordo político seja alcançado.
"É nosso direito nos libertarmos de um parceiro desonesto e pouco confiável. A este respeito, embora estando no governo, nos dissociamos imediatamente do Zanu-PF e em especial do gabinete e do Conselho de Ministros, até o momento em que a confiança e o respeito sejam restaurados entre nós", disse Tsvangirai.
De acordo com o primeiro-ministro, membros de seu partido não assistiriam às reuniões do gabinete nem participariam de outras atividades com membros do partido de Mugabe, o que não foi contestado pelo partido do presidente, embora nenhum dois lados tenha a maioria necessária para governar sozinho.
Um teste fundamental da decisão do MDC pode vir no próximo mês, quando o ministro das Finanças, Tendai Biti --que é um líder do partido do primeiro-ministro-- deve apresentar o orçamento do Zimbábue para 2010.
"Até que a confiança seja restabelecida, não podemos continuar a fingir que está tudo bem", disse Tsvangirai, citando, entre outros pontos de atrito, o julgamento agendado contra Roy Bennett.

Indicado pelo primeiro-ministro como vice-ministro da Agricultura, Bennett é acusado de posse ilegal de armas. As acusações estão ligadas a desacreditadas alegações de que o partido de Tsvangirai planejou depor Mugabe em um golpe violento.
O anúncio desta sexta-feira, embora não rompa formalmente a partilha de poder, é uma mostra da profunda insatisfação do MDC com a coalizão. Mas Tsvangirai tem dito repetidamente que vê a aliança como a única maneira de assegurar o futuro do Zimbábue e afirmou que seu partido continuaria as atividades no Parlamento.
A reação indiferente do Zanu-PF salientou as tensões dentro da coalizão.
"Se MDC quer sair [...] não vemos problema nisso", disse Efraim Masawi, um porta-voz do Zanu-PF. "Estávamos tendo problemas com o MDC, trabalhando juntos. Nós tentamos, mas não foi fácil."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo

0 comentários:

 
Núcleo Baobá. Design by Pocket